sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Se um viajante numa noite de inverno






Ítalo Calvino se reinventa artisticamente em dez escritores diferentes contando dentro da história de dois leitores dez romances diferentes. Quando você começa a ler, pode até não saber, mas irá embarcar em uma grande aventura. O livro começa com uma espécie de adivinhação do perfil do leitor, já buscando uma identificação com a própria pessoa que está lendo. Então continua com o leitor (isso mesmo, você), comprando um livro (“Se um viajante numa noite de inverno”) que possui um defeito. Aborrecido, ele volta ao local que comprou para trocar o livro e então descobre que a leitura do livro defeituoso não tinha nada a ver com o real livro em questão. Aí que ele busca um novo romance para ler e se perde em diversas leituras que são colocadas ao decorrer da história contada por Ítalo Calvino. A história é dividida assim: alternando entre um capítulo sobre um dos livros que os leitores estão lendo e um capítulo sobre os leitores em si. No decorrer do total de dez romances vamos adentrando nas tantas histórias simultâneas que nos fazem incorporar totalmente esse papel de personagem.

Trecho:

“No romance “romanesco” a interrupção é trauma, mas também pode institucionalizar-se (o corte no momento fulminante no folhetim; a quebra dos capítulos; o “voltemos um passo”). O fato de ter feito da interrupção de enredo motivo estrutural de meu livro tem esse sentido preciso e circunscrito, e não toca a problemática do inacabado na área da arte e da literatura. Melhor dizer que aqui não se trata do inacabado, mas do acabado interrompido, do acabado cujo final está oculto ou ilegível. Tanto no sentido literal quanto no metafórico.”
“Vivemos em um mundo onde histórias começam e não acabam.”

Curiosidades:

O livro é uma crítica a alguns leitores e sua “pressa” para ler livros;

Esse conceito de escrever “livros dentro de livros”, fazendo pensarmos na literatura dentro da literatura é chamado de “metaliteratura”.


Avaliação:

É um livro que, de um jeito nunca antes tão real, nos faz imergir dentro da história. Esse conceito pode ser meio “batido”, mas esse livro com essa metalinguística faz isso ter um sentido como nunca. Apesar de ser uma leitura confusa e pesada todas essas histórias dentro de histórias valem a pena pelo grau de imersão que o livro causa.

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