domingo, 15 de outubro de 2017

Madame Bovary


Madame Bovary - Gustave Flaubert

 

Madame Bovary é um romance realista escrito por Gustave Flaubert, publicado em 1857. É tido como um marco do universo literário, seja pelo seu estilo - marcado por dedicada descrição de lugares, acontecimentos e comportamento humano -, seja pelo burburinho causado na época de sua publicação.

A história conta a vida em matrimônio de Charles e Emma Bovary; aquele tem sua juventude relatada nos primeiros momentos do livro, algumas das agruras e situações que de certa forma parecem apresentar ao leitor um protótipo do personagem que mais tarde terá dificuldades em sanar os anseios da mulher e compreender o que de fato se passava na mente - e vida íntima - dela.

Após a biografia de Charles, o romance se volta para Emma Bovary, que passa então a ser a personagem central da trama. Ao longo da narrativa, é magistralmente relatado por Flaubert a vida de Emma, a sua educação no convento (onde acabará sendo instigada a ler romances, que sugestivamente influenciarão algumas de suas ideias, desejos e decepções após o casamento), seus primeiros contatos com Charles e até os pormenores do cenário em que ocorrem as tentativas de realização dessa mulher.

O primeiro encontro entre Charles e Emma acontece quando ele vai consultar o Sr. Rouault. Encantado com a filha do paciente, o médico apaixona-se por Emma. Ainda casado com Heloise Dubuc, a província de Rouen só vê o matrimônio entre Charles e Emma se concretizar após a morte da primeira mulher do médico.

O primeiro grande choque que Emma sente, que a levou a refletir sobre o estado em que se encontrava o casamento com Charles - "pondo na balança", possivelmente, as imagens antes sonhadas das leituras de romances e a vida "pacata' que realmente vivia - ocorre após o baile no Château La Vaubyessard, a convite do Marquês d'Andervilliers; a partir daí, a convivência em meio à aristocracia francesa e o modo de vida burguês passam a ser estimados por Emma, em oposição a vida que leva com Charles, considerada infeliz.

Ao se mudar para Yonville, a maternidade de Emma e sua insatisfação após o nascimento de Berthe não parecem realizar suas aspirações - em dado episódio, trata mal a filha, chamando-a de "feia". Nessa cidade Emma conhece Léon, estudante de Direito; surge uma paixão entre eles, que Emma rechaça - mesmo havendo uma profusão de sentimentos e acontecimentos iguais aos dos romances lidos por Emma no convento, tão sonhados por ela. Outro amante de Emma na história é Rodolphe, um aparente burguês proprietário de terras que procura os serviços médicos de Charles. Emma e Rodolphe têm um longo caso amoroso - alguns encontros acontecendo nos próprios aposentos de Charles. Entre cartas e juras de amor, Emma propõe a fuga dos dois, plano logo repelido por Rodolphe.

Emma, angustiada em sua procura infinda pela vida romântica, tal como vista nas leituras, procura refúgio na religião; porém, atribulando ainda mais seus pensamentos, Léon retorna de viagem, e a encontra na ópera - entretenimento proposto por Charles. Entre idas e vindas de encontros secretos, Emma começa a deixar Léon insatisfeito, pois o dispêndio de fortunas e o crescente aviltamento dela torna-se insustentável. De fato, ao longo desse periodo, Emma parece mergulhar em tentativas desesperadas de igualar-se a personagens dos romances lidos. A religião, o consumo, e as tentativas de se adequar ao espírito romântico não bastaram em sua sede de felicidade. 

A decadência moral de Emma é completa ao gastar a fortuna de Charles, chegando mesmo a frequentar um prostíbulo em busca de homens que lhe forneçam dinheiro. Léon e Rodolphe a abandonam; Charles, falido, vê sua esposa se suicidar ao ingerir arsênio. As cartas de amor que Emma trocara com os amantes são encontradas, tornando ainda mais intenso o desgosto de Charles. Após a morte, a filha do casal Bovary, Berthe, vai morar com a avó, que logo morre. Dada aos cuidados de uma tia, é inserida no mundo proletário, trabalhando com fiação de algodão.

Citação:

O dever é sentir aquilo que é grande, amar o que é belo e não aceitar todas as convenções da sociedade, com as ignomínias que ela nos impõe(p. 136)



Curiosidades:

  • Gustave Flaubert foi amigo de Baudelaire, Zola, dentre outros escritores e artistas plásticos.
  • Flaubert se considerava um autor romântico; não gostava de ser chamado de "escritor realista".
  • Durante a vida, devido a epilepsia, chegou a passar 14 horas escrevendo.
  • A obra Madame Bovary foi julgada, sendo vista como apologia à imoralidade. Flaubert, defendendo-se, disse ser a obra uma crítica aos maus costumes da sociedade francesa .


Avaliação:

A leitura de Madame Bovary - principalmente durante a primeira parte - pode parecer maçante para leitores que preferem uma exposição mais direta do tema da narrativa; mas é justamente essa peculiaridade da obra (a riqueza de detalhes e descrição dos fatos) que torna o enredo bem construído, possibilitando a quem lê acompanhar passo a passo o desenrolar da vida de Emma Bovary.



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